Atividades de literatura de cordel para
educação infantil
Quando proponho atividades de literatura de
cordel para educação infantil não é tão somente como uma forma diferente de contar
histórias, muito menos como processo a ser trabalhado em agosto, mês que se
comemora o folclore brasileiro (Se é que alguma escola ainda se preocupa
seriamente com isso).
A intenção aqui é que a literatura de cordel
seja vivenciada pelos pequeninos como algo que faz parte da sua natureza. Quem
nasce no Brasil já nasce cordelista! Ora! Se nos orgulhamos em dizer que o
brasileiro já cresce com o futebol no pé e o samba na veia, ouso afirmar que já
carrega também versos e rimas na boca! Quem é que resiste a uma estrofe rimada bem
feita?
Fico surpreso ao ver alguns professores que pelos
mais variados motivos, não se arriscam a mergulhar nas águas infinitas da
poesia, seja ela rimada ou não, como se houvesse algum risco a saúde! Ainda
mais se tratando de poesia infantil onde tudo é possível e viável!
Um dos bloqueios que enxergo nessa relação entre escola
e cordel é que os livros didáticos se limitam a mostrar esse gênero literário
como uma manifestação da cultura popular, produzida por cantadores idosos e
semianalfabetos do sertão nordestino, que vivem no semiárido em situação de
pobreza quase extrema! Se essa afirmação fosse do começo do século passado, talvez, (E
só talvez) eu concordasse em partes, mas isso deixou de ser verdade há muito
tempo! Como exemplo cito meu amigo Paulo Monteiro, o Poeta do Mato, que além
de ser um rimador genial é também professor de matemática, sem dizer o grande
Cesar Obeid, cordelista dos mais letrados e que se dedica à difusão da
literatura infantojuvenil.
Quando o assunto é literatura de cordel
infantil a conversa fica ainda mais contemporânea!
Por esses e outros motivos é que proponho atividades
de literatura de cordel para educação infantil livres desses estereótipos citados
acima. Segue abaixo algumas ideias:
·
Abuse
das rimas:
Com certeza a rima
é a parte mais divertida da brincadeira!
Explore a sonoridade das palavras sem se preocupar com a grafia, afinal,
algumas palavrinhas realmente soam parecidas. Um exemplo são as palavras; polícia
e missa. Elas não são consideradas palavras que rimam entre si, mas nossa
intenção aqui é estimular os ouvidos dos pequeninos e não transformá-los nos
reis da rima (Pelo menos não ainda). Outra possibilidade é encontrar palavras
que soem parecidas com o som do nome de cada aluno! Acredite! Eles adoram! Ana
rima com cana, Rodrigo rima com umbigo, Beatriz rima com chafariz, são bons
exemplos.
·
Divida
as palavrinhas:
No cordel a divisão
silábica das palavras é fundamental para a construção de versos metrificados,
mas isso é assunto de professor. No caso das crianças, o gostoso é ler em voz
alta ca-da pa-la-vra co-mo se fos-se um jo-gui-nho de mon-tar e des-mon-tar. Caso
as crianças ainda não tenham intimidade com a leitura a próxima dica vai ajudar
muito!
·
Musicalidade:
Cordel e
musicalidade são inseparáveis! Todo e qualquer instrumento musical cabe muito
bem na hora de cantar um cordel. Lembrando que na poesia convencional dizemos
declamar um poema, mas no caso do cordel, por ser oriundo dos cantadores do
sertão, dizemos cantar. O professor que tiver habilidade com instrumentos
musicais pode “cantar” um cordel ao som de um violão, por exemplo, mas se esse
não for seu caso, proponho que você “cante” ao som das palmas ritmadas dos
aluninhos! Tudo sem muita exigência!
·
Desenhe!
Desenhe muito:
A Xilogravura,
apesar de ser uma arte que independe do cordel, é sem dúvidas mais conhecida
por ilustrar as capas dos folhetos. Convide seus pequenos para desenhar aquilo
que eles ouviram em rimas e versos, de maneira solta, livre, sem a preocupação
de criar capas ou ilustrações! Enquanto você “canta” eles pintam, enquanto eles
pintam...
·
Use
sua criatividade:
Se você fizer questão de um varal para pendurar folhetos, ótimo! Tradição e modernidade podem e devem andar juntas! Ninguém conhece sua
turminha melhor que você! Abuse dos recursos disponíveis e principalmente da
sua criatividade! E não esqueça de se divertir muito!
Vamos juntos valorizar
a história da literatura de cordel e ao mesmo tempo vivenciá-la de maneira
atuante e moderna!
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