Entrevista no Programa Universo Mais!

O programa Universo Mais é exibido na emissora CULTURA PAULISTA e é comandado pela grande comunicadora e amiga Dany Marques e nessa matéria pude falar mais sobre o projeto CORDÉIS PEDAGÓGICOS e dividir com vocês um pouco mais sobre a importância de mudar o mundo à partir de nós mesmos!!!!

Agradecimento!

Cordel personalizado de Agradecimento!

O cordel na internet

Vai pra lá e vem pra cá

Esse aqui canto na rede

Social pra que ele vá

Navegando até chegar

No estado do Pará

Para assim agradecer

Ao povo que agora eu cito

Em Floresta da Araguaia

Que é bem longe eu acredito

Alunos da Monsenhor

Augusto Dias de Brito

Meus queridos amiguinhos

Pra quem faço esse cordão

Saibam que o seu futuro

Depende da educação

Então cuidem de aprender

Com muita dedicação

Deixo aqui rimas e versos

Como meu simples presente

Guardando-os no coração

E também na minha mente

Paz ao professor Raul

E a todo corpo docente

Atividades de literatura de cordel para educação infantil

Atividades de literatura de cordel para educação infantil

Quando proponho atividades de literatura de cordel para educação infantil não é tão somente como uma forma diferente de contar histórias, muito menos como processo a ser trabalhado em agosto, mês que se comemora o folclore brasileiro (Se é que alguma escola ainda se preocupa seriamente com isso).

A intenção aqui é que a literatura de cordel seja vivenciada pelos pequeninos como algo que faz parte da sua natureza. Quem nasce no Brasil já nasce cordelista! Ora! Se nos orgulhamos em dizer que o brasileiro já cresce com o futebol no pé e o samba na veia, ouso afirmar que já carrega também versos e rimas na boca! Quem é que resiste a uma estrofe rimada bem feita?

Fico surpreso ao ver alguns professores que pelos mais variados motivos, não se arriscam a mergulhar nas águas infinitas da poesia, seja ela rimada ou não, como se houvesse algum risco a saúde! Ainda mais se tratando de poesia infantil onde tudo é possível e viável!

Um dos bloqueios que enxergo nessa relação entre escola e cordel é que os livros didáticos se limitam a mostrar esse gênero literário como uma manifestação da cultura popular, produzida por cantadores idosos e semianalfabetos do sertão nordestino, que vivem no semiárido em situação de pobreza quase extrema! Se essa afirmação fosse do começo do século passado, talvez, (E só talvez) eu concordasse em partes, mas isso deixou de ser verdade há muito tempo! Como exemplo cito meu amigo Paulo Monteiro, o Poeta do Mato, que além de ser um rimador genial é também professor de matemática, sem dizer o grande Cesar Obeid, cordelista dos mais letrados e que se dedica à difusão da literatura infantojuvenil.

Quando o assunto é literatura de cordel infantil a conversa fica ainda mais contemporânea!

Por esses e outros motivos é que proponho atividades de literatura de cordel para educação infantil livres desses estereótipos citados acima. Segue abaixo algumas ideias:

·         Abuse das rimas:

Com certeza a rima é a parte mais divertida da brincadeira!  Explore a sonoridade das palavras sem se preocupar com a grafia, afinal, algumas palavrinhas realmente soam parecidas. Um exemplo são as palavras; polícia e missa. Elas não são consideradas palavras que rimam entre si, mas nossa intenção aqui é estimular os ouvidos dos pequeninos e não transformá-los nos reis da rima (Pelo menos não ainda). Outra possibilidade é encontrar palavras que soem parecidas com o som do nome de cada aluno! Acredite! Eles adoram! Ana rima com cana, Rodrigo rima com umbigo, Beatriz rima com chafariz, são bons exemplos.

·         Divida as palavrinhas:

No cordel a divisão silábica das palavras é fundamental para a construção de versos metrificados, mas isso é assunto de professor. No caso das crianças, o gostoso é ler em voz alta ca-da pa-la-vra co-mo se fos-se um jo-gui-nho de mon-tar e des-mon-tar. Caso as crianças ainda não tenham intimidade com a leitura a próxima dica vai ajudar muito!

·         Musicalidade:

Cordel e musicalidade são inseparáveis! Todo e qualquer instrumento musical cabe muito bem na hora de cantar um cordel. Lembrando que na poesia convencional dizemos declamar um poema, mas no caso do cordel, por ser oriundo dos cantadores do sertão, dizemos cantar. O professor que tiver habilidade com instrumentos musicais pode “cantar” um cordel ao som de um violão, por exemplo, mas se esse não for seu caso, proponho que você “cante” ao som das palmas ritmadas dos aluninhos! Tudo sem muita exigência!

·         Desenhe! Desenhe muito:

A Xilogravura, apesar de ser uma arte que independe do cordel, é sem dúvidas mais conhecida por ilustrar as capas dos folhetos. Convide seus pequenos para desenhar aquilo que eles ouviram em rimas e versos, de maneira solta, livre, sem a preocupação de criar capas ou ilustrações! Enquanto você “canta” eles pintam, enquanto eles pintam...

·         Use sua criatividade:

Se você fizer questão de um varal para pendurar folhetos, ótimo! Tradição e modernidade podem e devem andar juntas! Ninguém conhece sua turminha melhor que você! Abuse dos recursos disponíveis e principalmente da sua criatividade! E não esqueça de se divertir muito!

Vamos juntos valorizar a história da literatura de cordel e ao mesmo tempo vivenciá-la de maneira atuante e moderna!

Cordel: Brincandeira de Criança

Brincadeira de criança  

Um barquinho de papel

Gira gira meu peão

Carrinho de rolimã

Amarelinha no chão

Quem chegar primeiro ao céu

Vai ganhar meu coração

A pipa no azul do céu

Pular corda no quintal

Bate e volta à bola queima

Sempre venço no final

Pois bom mesmo é ser criança

Brincar até passar mal

O mundo é bola de gude

É ciranda cirandinha

Pega pega é mais gostosa

Quando a vez não é a minha

Se adulto tem inveja

Que volte a ser criancinha

Cordel da Família

Cordel da família

Minha família é assim

Outras famílias assado

Mas família hoje é bom

Como era no passado

Eu amo minha família

Da cabeça até o pé

Toda família é perfeita

Do jeitinho que ela é

Tem família que é grande

Tem família que é pequena

Tem família só de dois

E mesmo assim vale a pena

Vamos amar a família

E guardar bem lá no fundo

O mais belo dos tesouros

Que Deus nos deu nesse mundo

Cordel do Bulling

Cordel do "Bulling"

Toda criança é igual

Seja por dentro ou por fora

Mas preste muita atenção

No que vou dizer agora

É na falta de respeito

Que um tal de “Bulling” mora

“Bulling” não escolhe hora

Mesmo credo raça ou cor

E por onde o ”bulling” passa

Ele planta o desamor

Numa simples brincadeira

Ele esconde seu terror

Eu lhe peço por favor

Fique sempre muito atento

Pois o “bulling” é danado

Chega sem consentimento

Transformando amizade

Em dor e ressentimento

Pois é chegado o momento

De deixar o meu conselho

Olhe para outra pessoa

Como se fosse um espelho

Onde impera a igualdade

“Bulling” não mete o bedelho

poesia para criancinhas mudaria o mundo?

Poesia para criancinhas mudaria o mundo?

Alguém dúvida que poesia para criancinhas mudaria o mundo? Pois bem, vejamos!

É de consenso geral que as noticias negativas na TV, rádio e principalmente nas redes sociais modificam a maneira das pessoas enxergarem o mundo.  Os psicólogos e outros tantos profissionais da saúde mental vivem orientando os pais sobre os perigos do uso em excesso de celulares, computadores e vídeo games. Nós, adultos conscientes, já percebemos que o mundo se tornou um lugar hostil e polarizado, uma visão maniqueísta que divide a humanidade entre bonzinhos e mauzinhos.  

Como arte/educador, tenho percebido o quanto essa mudança de comportamento tem afetado também os profissionais da educação que, na sala dos professores, descarregam suas dores e frustrações por achar que não conseguem mais desenvolver um bom trabalho por falta de uma boa politica educacional e a crescente falta de apoio e participação das famílias. Há quem já apresente essas mudanças como uma epidemia mundial! Claro que é só uma figura de linguagem, afinal, para alguma coisa ser definida como epidemia tem que ser contagiosa!

Foi em uma viagem ao estado do Paraná que comecei a construir uma nova visão sobre tudo isso! Viajávamos eu e minha trupe levando teatro às cidades mais longínquas do estado, quando comecei a perceber em cada canto um capricho especial, aquele toque pessoal nos jardins, na limpeza das ruas e praças, nos banheiros públicos e tantos outros espaços que se destacavam às vezes por pequenos detalhes. Houve até um banheiro de posto de gasolina onde fiz questão que todos os artistas entrassem para que eu pudesse mostrar a limpeza e conservação do ambiente.

Claro que de maneira simplista pensei: Mas que governantes maravilhosos são esses do sul do país! Creio que devido a nossa formação temos a tendência de sempre apontar o poder público como responsável por aquilo que é bom e principalmente pelo que é ruim. Que atire a primeira pedra quem nunca votou na esperança de eleger um salvador da pátria!

Curioso e falante como sou, fui logo perguntando aos moradores sobre tudo aquilo que me chamara tanto à atenção.  Para minha surpresa tudo ao meu redor era de responsabilidade dos moradores que se orgulhavam em mostrar cada feito por menor que fosse. Foi então que ouvi de um deles, uma frase que mudou minha vida: Fazemos tudo certo até o ponto que o governo nos atrapalha! Fantástico!

Para eles, fazer o que precisava ser feito não era só uma questão de responsabilidade, mas de orgulho e alta estima! Como dizem meus alunos: Morri!!!!

Poesia para criancinhas mudaria o mundo? Com certeza!

Percebi a partir daquele momento que mesmo não tendo a força dos grandes meios de comunicação, nem a influência de um grande político, eu poderia através da minha arte poetizar meus jardins, versejar minhas ruas, poetificar os banheiros!

Ora! Se podemos tornar o mundo um lugar triste e consumista (Acredite, uma coisa leva a outra) levando às pessoas informações inúteis e conteúdo vazio, por que não podemos transformá-lo em um lugar melhor usando nossas competências!! Poesia para criancinhas sim! Leitura para criancinhas sim! Cordel infantil sim! Cordéis pedagógicos sim!!! Farei tudo certo até o ponto que o governo me atrapalhe!

Colocar as crianças em contato com a poesia infantil não é só a coisa certa a se fazer, mas um ato de orgulho e alto estima!

Você deve estar se perguntando como consigo tempo para me dedicar as minhas rimas e versos, afinal, todos tem que trabalhar para viver! Também me perguntei a mesma coisa quando vi aquelas pessoas cuidando tão bem de suas cidades (Muitas delas sem asfalto, delegacia, ou centro médico).

É fácil! Sabe aquelas coisas citadas no início do texto responsáveis por tornar o mundo um lugar mais triste? Pois bem! Passei a usar o tempo dedicado a elas na construção de poesia para criancinhas, jovens e adultos! E por pura vingança transformei minhas redes sociais em veículos responsáveis por transportar minhas obras pelo mundo todo! E desde então só valorizo as tristezas certas nas horas certas, passando a maior parte do tempo satisfeito com aquilo que sou e aquilo que faço.

Parece pouco, mas não é! Imagine se todos vocês que dedicaram seu tempo para ler esse texto decidissem fazer o mesmo? Educadores, advogados, construtores, lixeiros, arquitetos, bailarinos, donas de casa, poetas, zeladores, porteiros... Todos fazendo tudo certo até o ponto que o governo lhes atrapalhe?

Mudar meu comportamento mudou a minha vida e talvez possa fazer o mesmo com você.

E enquanto a maioria de nós fica se digladiando para decidir quem é bom e quem é ruim, sigo aceitando minha pouca evoluída natureza humana transformando tudo o que vejo em poesia para criancinhas!

Cordel Infantil

Cordel Infantil

Cordel infantil é quase o mesmo que dizer... Brincadeira de criança! Esse gênero literário cem por cento nacional tem tudo o que a criança gosta: Rimas, musicalidade, criatividade e histórias. Ouso dizer que são os mesmo motivos pelos quais os adultos ficam encantados. A poesia de cordel arrasta para fora a criança  interior até do cabra mais marrento. Dito isso já bastaria para explicar o “por que” de escrever e cantar cordel infantil. Mas eu vou um pouquinho mais longe! Vou explicar fazendo uma pergunta: Você já viu os olhinhos das crianças quando estão ouvindo um cantador de cordel, um contador de histórias ou até mesmo um ator dando seu texto? É mágico!!! Dá para ver a luz que emana de suas almas, sentir a leveza do ser em cada sorriso, em cada palma e... Ufa! Só vendo para crer! Se você percebeu minha euforia em tentar explicar o que é cordel infantil... Você entendeu tudo!

Chegança

1

Se achegue minha gente

Pois o dia já nasceu

É o luzir do sol que avisa

Que a velha noite morreu

Vai-se a tristeza "simbora"

Fica a alegria mais eu

2

Eu quem nem sou de valor

Não valho mais que um tostão

Sou feito pombo de praça

Comendo resto de pão

Trazendo minhas histórias

Penduradas num cordão

3

Cordão mesmo criançada

Que arrasto na cacunda

Tenho uma cabeça rasa

E uma barriguinha funda

Trabalho sempre de pé

Pois sentado amassa a bunda

4

Eu sou mesmo é cantador

E nesse meu mundaréu

Nunca que vendi verdura

Raiz, xarope ou chapéu

Nunca vendi roupa velha

Colar brinco broche anel

5

Juro por meu Deus do céu

Nunca vendi amuleto

Figa, cruz ou escapulário

Pecado assim não cometo

Vendo só os meus versinhos

Rimados nesse folheto

6

Poesia de livreto

Que em certa ocasião

Foi chamado de cordel

Que é o mesmo que cordão

Que o poeta faz varal

Pra não por folha no chão